“Tô no Mundo” vai até o Litoral Sul de Sergipe, a poucos 66km da capital, Aracaju, para mostrar que “De casa também se Viaja”. Vamos conhecer as belezas do município de Estância, cidade que se consagra como a Capital Nacional do Barco de Fogo, o Berço da Imprensa Sergipana, e que partindo para o litoral possui uma gama de atrativos turísticos. É lá onde ficam a Ilha da Sogra e a praia do Saco, considerada uma das mais belas do Nordeste Brasileiro, além da paisagística Lagoa dos Tambaquis. Também cidade onde o escritor baiano mais sergipano da praça, Jorge Amado, possui seus descendentes de primeiro grau.

O tour começa ainda na sede municipal. O povoamento registra prédios histórico de 1621, porém bastante castigado pela mão do homem atual, os casarios azulejados resistem ao tempo proporcionando ao visitante uma volta ao passado.  A cidade tem catalogado mais de 46 casarões coloniais, alguns deles no entorno do denominado Paço Municipal, mas a constante reutilização para lojas comerciais e a ação do tempo sem restauros, tem descaracterizado o patrimônio histórico da cidade, porém, ainda se constituiu num bom destino a ser visto da arquitetura colonial em Sergipe.

A Cidade ainda preserva casarões cobertos com azulejaria portuguesa, documento dos tempos áureos

Denominada de Cidade Jardim por Dom Pedro II, Imperador do Brasil, quando visitou o Estado, o casarão que o abrigou é um deles e foi tombado pelo Iphan em 27 de julho de 1962. Outros casarões que devem ser visitados são os sobrados e casas azulejadas, tombadas pela Secretária de Cultura do Governo do Estado de Sergipe, que se destacam na paisagem urbana da avenida Gumercindo Bessa. Também são tombados pelo Governo Estadual a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a pintura em óleo sobre tela “Misericórdia e Caridade”, de autoria de Horácio Hora, instalada no Hospital Amparo de Maria.

Recentemente a população de Estância constituída por associações, organizações não governamentais e instituições, escolheram dentre mais de vinte atrações regionais, as sete maravilhas estancianas. Esses potenciais atrativos ganharam placas explicativas e foram transformados em um roteiro turístico aqui selecionados da cidade até a zona litorânea para melhor planejamento, vejamos:

Sede da Lira Carlos Gomes

Lira Carlos Gomes uma das mais antigas do estado ainda em funcionamento

Instituição musical não governamental fundada em 1879, ou seja, com 138 anos de fundação, a Lira funciona no antigo casarão de Gilberto Amado, primo de Jorge Amado e personalidade ilustre do mundo jurídico sergipano. A Lira Carlos Gomes é uma das mais antigas do Estado e conhecida, nacionalmente, por difundir a música orquestrada. Foi a mais votada através da consulta pública que estabelece as Sete Maravilhas de Estância.

Catedral Diocesana Nossa Senhora de Guadalupe

Patrimônio do povo sergipano e símbolo das construções católicas

Pertinho da sede da Lira, no Paço Municipal, entre vários casarios colônias da praça Barão do Rio Branco, a catedral de Estância homenageia Nossa Senhora de Guadalupe, uma santa bastante referenciada no México e que advém também das crenças do fundador da cidade, o mexicano Pedro Homem da Costa.

A Igreja Matriz é uma obra do século XVIII, edificada em arenito, cal e grossos tijolos, com marcante presença do estilo jesuítico. No teto da capela-mor há painel representativo da Santíssima Trindade, atribuído ao artista plástico João Pequeno. Preste atenção nos casarios que a circunda.

Complexo da Santa Cruz

Vale a pena uma visita pela história e visão paisagística

Na direção mais à esquerda do Paço Municipal, fica o Complexo da Santa Cruz que abrange o patrimônio arquitetônico da antiga fábrica de tecidos, a vila operária, uma sede da creche, cinema e a vila das casas dos familiares e dos operários.

A Fábrica Santa Cruz ou Fábrica Velha foi implantada em Estância em 1891 pelos portugueses João Joaquim de Souza e Eduardo José Fernandes e vendida em 1937 ao coronel Gonçalo Rolemberg Leite, sogro de Júlio César Leite, família de políticos tradicional na cidade.

No seu auge, durante a 2º guerra mundial a fábrica contava com mais de mil funcionários, atendendo, inclusive, ao comércio exterior. Em 1964, uma grande enchente inundou toda a fábrica e mais de 1 milhão de metros de tecidos estocados ficaram submersos e seis meses sem produção.

Para completar o nível de dificuldades surge a Revolução de 64, que inviabilizou a indústria têxtil no Nordeste. E em 1972, a Velha Santa Cruz fechou suas portas e hoje é a sede da empresa Sulgipe, mas continua sendo cartão-postal da cidade por abrigar um valor patrimonial histórico e paisagístico.

Complexo Turístico do Bairro Porto D’Areia

Ruínas históricas, comunidade quilombola e berço dos fogueteiros de Estância

Situado em um bairro remanente de quilombo da cidade, o complexo circula a capela de São Pedro, um terreiro de matriz africana, o Alto da Conceição com a imagem do Cristo Redentor, além de barracões de fabrico de fogos de artifício.

O local também foi onde nasceu Raimundo Souza Dantas (1923 – 2002), primeiro desembargador negro do Brasil, embaixador do Brasil em Gana e na Argentina. Também onde nasceu Mestre Paulo dos Anjos, importante capoeirista que construiu a história do movimento em Salvador e São Paulo.

Lá pode-se observar uma vista panorâmica do antigo trapiche onde funcionava o embarque e desembarque de mercadorias e o comércio de escravos, no século XVIII.

Fonte: Infonet