Na última quinta-feira, 25, a morte de um trabalhador em uma indústria localizada no distrito industrial do município de Estância passou a ser anunciada nas redes sociais e em parte da imprensa estanciana como um possível suicídio, fato desmentido pela família de Rivan Santos Goes, 35,  que emitiu  em grupos de whatsapp um comunicado negando tal versão. Em conversa com a redação do nosso portal, o irmão de Rivan, Renirton  Santos confirmou que seu consanguíneo passava por problemas de saúde e destacou que a empresa tinha ciência de tudo.

“O Rivan já vinha com uma questão de depressão há algum tempo, ele foi afastado pela empresa durante 40 dias e nós não recebemos notícias de um laudo, um atestado médico por parte da empresa, algo que pudesse atestar a capacidade dele de continuar trabalhando. Eles tinham ciência que Rivan estava tomando medicamento e nas nossas conversas em casa Rivan não tinha pretensão nenhuma de cometer suicídio, ele não tinha essa pretensão”, disse.

Por telefone, Renirton deixou claro a versão sustentada pela  família  e lamentou a falta de atenção por parte da empresa.

“A versão que nós entendemos é que ele estava medicado, tinha tomado uma dose  de comprimidos pela manhã, estava um pouco agitado, foi trabalhar e o que aconteceu com ele é que como ele estava fraco, o organismo dele estava delicado, então ele não suportou o efeito do medicamento. O que nós achamos interessante é que não tinha ninguém junto com ele. Eles tinham ciência que ele estava tomando medicamento, inclusive a empresa até agora não deu assistência nenhuma para a esposa e o filho do rapaz. Quando eu conversei com o perito a primeira vez, o perito falou em acidente pelas circunstâncias. O camarada estava trabalhando sem EPI, usando uma máquina que não ficou claro para a gente se era uma lixadeira ou uma máquina policorte. São muitas informações desencontradas, a gerência da empresa, a segurança da empresa não nos deu nenhuma informação concreta para  a família do que aconteceu, e logo depois que eu adentrei na empresa para entregar a documentação para o corpo dele ser recolhido o gerente  vem e diz que o perito confirmou que tinha sido suicídio, quando nenhuma circunstância do que aconteceu foi passada para a gente. A gente não teve acesso a máquina, a gente não viu a cena, a gente  não teve acesso a informação nenhuma e a família continua sem assistência por parte da empresa”, disse  por telefone no último sábado, 27, o irmão do trabalhador.

Ao falar sobre as investigações sobre a morte do seu irmão, Renirton salientou que até agora o IML não conseguiu esclarecer o fato, mas, que confia na perícia que apontará que seu irmão não cometeu suicídio.

“O que nós ouvimos no IML em Aracaju é que foi colocado no documento como morte não esclarecida. Não esclareceram se foi suicídio ou se foi acidente. As informações estão desencontradas, eles não tinham entendimento entre eles para dizer o que realmente aconteceu. Foi um estrangulamento porque  provavelmente ele caiu por cima da máquina, e é isso que acreditamos. A  necropsia vai mostrar que ele estava medicado, ele estava com uma dose altíssima de sedativo, de remédio controlado e que ele não teve condições. Eu falo isso com propriedade porque eu já passei pela mesma situação, eu sei o efeito que o medicamento causa e o que nós queremos é esclarecer isso,  meu irmão não foi covarde a ponto de cometer suicídio, ele sofreu um acidente, um acidente porque ele deveria está afastado, a empresa deveria ter um laudo médico de um psiquiatra, de um psicólogo atestando que ele não tinha condições de trabalhar naquela área. A empresa foi muito negligente e continua sendo muito negligente na assistência e as informações estão todas desencontradas”, finalizou.

INVESTIGAÇÃO POLICIAL:

Diferente da versão sustentada pela família, a polícia acredita na hipótese do suicídio, no entanto, baseado em cautela o delegado regional da DERPOL de Estância, Alan Faustino, declarou ao “Diário Sergipano” que irá aguardar o resultado da perícia para conclusão do inquérito.

“Vamos aguardar o laudo pericial para ter uma definição, mas, aparentemente, ocorreu suicídio, a vítima fez uso de esmeril contra si. Oitivas já estão marcadas, bem como imagens das câmaras próximas ao local onde ocorreu o fato serão levadas na próxima semana para a DERPOL”, disse o delegado ao conversar na última sexta feira com a redação do DS.

EMPRESA:

A redação do DS tentou contato com representantes da empresa, no entanto, sem êxito. O Diário Sergipano continua à disposição da empresa para possíveis esclarecimentos sobre as declarações feitas pelo irmão do trabalhador que morreu no interior da unidade de produção.

 

Por: Pisca Jr