O futebol e a política, apesar de pertencerem a esferas distintas da sociedade, compartilham semelhanças notáveis em sua dinâmica embaralhada. Assim como no campo de jogo, onde um jogador pode ser deixado de fora da escalação sem aviso prévio, na política, a ascensão e a queda das pessoas são muitas vezes imprevisíveis e marcadas por nuances intrigantes.

Parafraseando o futebol, quem não conhece um caso de um jogador, ou melhor, de um aliado que foi colocado para escanteio? Nas quatro linhas a bola é colocada para escanteio para evitar um gol, já na política, são várias as formas e motivos que fazem com que alguém seja colocado nesta posição: Seja por medo de sombra, por não servir mais, seja por inveja, por traição e muitas das vezes, quem coloca, ou melhor, quem faz o aliado ir para a incômoda posição do escanteio não é nem o líder maior, mas, aqueles que os rodeiam como zagueiros e que não querem que você faça o gol, ou seja, que você se destaque naquele cenário.

Para um bom jogador, não ser escalado para uma partida é muito ruim, embora, no final do mês o seu salário não sofra nenhuma baixa. Porém, para sua performance profissional isso não é nada bom, afinal, quem não é visto, não é lembrado. Muitas das vezes, quando o jogador passa muito tempo sem ser escalado não vejo outra alternativa a não ser  vende-lo para outra equipe. E na política? O que fazer com aquele amigo, aliado, parceiro que tanto serviu e que hoje pode ser uma sombra para seus projetos pessoais? O que fazer com aquele aliado que tanto ajudou e que agora não se encaixa mais no seu “esquema de jogo”? A traição, elemento que paira como sombra em ambos os cenários, tece uma teia complexa. Assim como um jogador pode mudar de clube em busca de glórias pessoais ou financeiras, os políticos e seus  liderados  muitas vezes traem alianças em busca de poder ou agendas pessoais, deixando eleitores perplexos com lealdades volúveis.

A política, como o futebol, é um terreno onde vitórias e derrotas moldam reputações. A glória de conquistar um campeonato reflete a glória de alcançar um cargo político cobiçado. No entanto, essa mesma arena de triunfo é também o palco onde as derrotas, por vezes amargas, são expostas publicamente, deixando cicatrizes e mostrando que nem tudo é o que parecia ser.

O que faz uma equipe perder? A qualidade do conjunto, a desmotivação e em muitos casos até a arrogância e a prepotência de achar que é superior e que a partida tá ganha  de goleada ou lambuja como falam nos campo de várzea. E na política, o que faz alguém escantear o outro mesmo sabendo que ele pode ser peça fundamental para as jogadas, seja de defesa ou de ataque?  

Futebol é algo fascinante, assim como a política. Ambos os universos são regidos por uma imprevisibilidade que mantém os espectadores – sejam torcedores ou eleitores – à beira de seus assentos. A estratégia, a habilidade e a paixão desempenham papéis cruciais em ambas as narrativas, onde a linha entre o sucesso e o fracasso muitas vezes é tênue.

Em última análise, seja em um estádio vibrante ou nas salas de poder, futebol e política entrelaçam-se em uma dança complexa de interesses, emoções e rivalidades. A cada jogada e manobra, os protagonistas desses dramas contemporâneos moldam o destino de suas carreiras e, consequentemente, influenciam o curso de eventos que ecoarão na memória coletiva.

Quantas equipes de futebol foram prejudicadas por conta de motins realizados pelos atletas sem conhecimento do treinador e da direção do clube? No meio político não é diferente e muitos pensadores, cientistas e assessores traçam algumas estratégias para minar seus próprios quadros, fazendo uma agenda paralela, construindo alianças internas para enfraquecer aquele que joga na mesma equipe para que no final o seu projeto pessoal possa continuar em evidência e,  com dois ou três dribles garanta sua permanência na equipe, o título de melhor jogador e a manutenção do seu time na elite do futebol.

Acho que já falei demais. Vou dormir, mas sei de uma coisa: Não existe partida ganha e enquanto o apito não for ecoado pela última vez as equipes devem se esforçar ao máximo para manter o resultado ou virar a partida, afinal, o jogo só acaba quando o juiz apita e jogador que é bom de verdade não precisa de muito tempo ou espaço para resolver, em um vacilo da equipe adversária ele bota a bola pra dentro e faz a alegria da torcida. Jogador bom de verdade sabe a hora certa de se destacar, faz gol quando todos pensam que ele ta morto e é cobiçado pro todos os times bons.

Por: Pisca Jr – Jornalista do Site Diário Sergipano