O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Ricardo Tripoli, afirmou nesta terça-feira (3) que a decisão sobre retirar ou não o deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) será tomada nesta quarta (4).

Bonifácio foi escolhido, na semana passada, relator da denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. Caberá a ele formular um parecer pela aprovação ou pela rejeição da acusação.

Mas a escolha pelo nome dele, tomada pelo presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), gerou mal-estar na bancada do PSDB, dividida sobre o apoio ao governo Temer.

“Se ao líder cabe indicar [os integrantes da CCJ], ao líder cabe também solicitar a retirada. Eu disse que não modificaria nenhum titular e pretendo não trocar nenhum titular. O deputado Bonifácio é suplente, vamos aguardar até amanhã [quarta]”, disse Tripoli nesta terça.

A declaração foi dada pelo líder após ele participar de uma reunião com a bancada do PSDB na Câmara.

Questionado sobre se ele, ao menos, cogita retirar Bonifácio, Tripoli respondeu: “Acho que todas as possibilidades existem.”

Segundo disse o líder do PSDB, a maior parte da bancada entende que a permanência de Bonifácio Andrada na função é uma questão partidária, não uma decisão pessoal.

O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Arquivo) O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Arquivo)

O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) (Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Arquivo)

Posição de Bonifácio

Na votação da primeira denúncia contra Temer, em agosto, pelo crime de corrupção passiva, Bonifácio Andrada votou a favor do presidente, ou seja, contra o prosseguimento do processo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele justificou o voto “a favor das instituições e do progresso do Brasil”.

Mas, logo após ser anunciado relator, Bonifácio afirmou que apresentará à CCJ parecer técnico sobre a denúncia. Independentemente do resultado na comissão, caberá ao plenário da Câmara a palavra final sobre o prosseguimento do processo contra Temer.

Mais cedo, nesta terça, Bonifácio também contestou críticas de que não seria isento para exercer a função porque supostamente já tem opinião formada sobre a denúncia. Ele disse que os demais parlamentares “não podem ser profetas“.

Eventual retirada

Se o PSDB decidir retirar Bonifácio Andrada da CCJ, o deputado poderá retornar ao colegiado somente se outro partido ceder a vaga a ele. Se isso não acontecer, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), terá de escolher outro relator.

Antes da escolha, para não aprofundar a divisão na bancada do PSDB, Tripoli pediu a Pacheco que a relatoria não fosse entregue a um tucano. Ele não foi atendido.

“Com isso [se a relatoria não ficasse com o PSDB], nós teríamos resolvido o problema. Mas daí a nossa surpresa, o presidente da comissão ter feito essa indicação”, disse.

Tripoli afirmou, ainda, que “torce” para Bonifácio Andrada desistir de ser o relator.

O deputado, porém, tem dito que não se sente pressionado e só deixará a função se o presidente da CCJ pedir a ele. Pacheco, por sua vez, diz estar convicto da escolha que fez.